terça-feira, 17 de novembro de 2009
Nem tão Young assim
A escritora polêmica, Fernanda Young, de 40 anos, estampa a capa da última Playboy vestida de coelhinha. Essa, com certeza, se encaixa naquelas notícias que você NÃO gostaria de dar, nem por muito dinheiro. Mas, a revista masculina juntou a fome com a falta de vontade de comer e reuniu tudo isso no ensaio de Young. Sorte de quem não viu.
A escritora disse que gostaria de ver sua revista vendendo mais do que a de uma BBB. Talvez ela esteja confundindo as coisas. Afinal, a única função/”profissão” de uma ex-BBB é sair na Playboy. A função/profissão de uma escritora é escrever livros (no caso de Fernanda Young, escrever livros e fazer tatuagens, não necessariamente nessa ordem), e não ilustra-los com seu corpo nu.
É um raciocínio simples. Se você quer comer carne, você vai preferir comer filet mignon à coxão mole. Se você quer satisfazer prazeres sexuais, vai comprar a Playboy da ex-BBB, e se quiser trabalhar seu intelectual, vai comprar um livro da Fernanda Young. É praticamente uma lógica aristotélica. E, nessa lógica, não existe a hipótese de você querer comprar a Playboy da Fernanda Young.
Apesar disso, há quem se excite com os “sexy” piercings que Fernanda pendurou nos seios. A revista da escritora fez grande sucesso com o público sadomasoquista.
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Sala São Paulo de Visitas
Por uma passarela de madeira escura envernizada, cercada de pequeninas pedras brancas que forram a terra evidente de jardins laterais sem grama ou flores, chegamos do estacionamento (tradicional, ornado com canos vermelhos de água e esgoto e setas amarelas pintadas no chão) ao foyer, cujo piso, este sim, colore a sobriedade do recinto com verdes pétalas ladrilhadas.
Sapatos pretos, a maioria de salto, contrastam com meu par de tênis, também preto, mas com listras brancas e sistema de amortecimento fabricado especialmente para não amassar as flores do foyer. Os músicos passam pelo salão carregando trompetes reluzentes (talvez de ouro mesmo), enquanto senhoras distintas conversam sobre o relacionamento de Michelle e Barack Obama.
As colunas robustas e brancas de base quadrada sobem eternamente. Param apenas para se encontrar em belos arcos, dos quais as pessoas se desvencilham para admirar melhor o grande vitral da cúpula ao centro. Pelos degraus de madeira escura envernizada, os convidados chegamos aos assentos por detrás do palco, o coro.
Minha camiseta encarnada brilha tanto quanto a cauda encerada do piano. As cadeiras de estofado azul-marinho parecem realçar a vivacidade do pano que me cobre o dorso. Felizmente, as luzes amareladas da plateia tornam-se tíbias, anunciando o concerto e desviando os olhares alheios para a verdadeira atração da noite, os músicos de preto.
O respirar fundo do regente silencia o coro, os camarotes e o resto do público que se perde no horizonte. O ranger das cordas dos violinos ressoa pelo teto acústico e arranca lágrimas da poltrona vinte e um. Pude sentir, da dezenove, uma gota cair em meu antebraço. Goteira? Seria muita coincidência. Encharcados os rostos, pausa para o café. E seria novamente eu, vermelho, o centro das atenções.
Sapatos pretos, a maioria de salto, contrastam com meu par de tênis, também preto, mas com listras brancas e sistema de amortecimento fabricado especialmente para não amassar as flores do foyer. Os músicos passam pelo salão carregando trompetes reluzentes (talvez de ouro mesmo), enquanto senhoras distintas conversam sobre o relacionamento de Michelle e Barack Obama.
As colunas robustas e brancas de base quadrada sobem eternamente. Param apenas para se encontrar em belos arcos, dos quais as pessoas se desvencilham para admirar melhor o grande vitral da cúpula ao centro. Pelos degraus de madeira escura envernizada, os convidados chegamos aos assentos por detrás do palco, o coro.
Minha camiseta encarnada brilha tanto quanto a cauda encerada do piano. As cadeiras de estofado azul-marinho parecem realçar a vivacidade do pano que me cobre o dorso. Felizmente, as luzes amareladas da plateia tornam-se tíbias, anunciando o concerto e desviando os olhares alheios para a verdadeira atração da noite, os músicos de preto.
O respirar fundo do regente silencia o coro, os camarotes e o resto do público que se perde no horizonte. O ranger das cordas dos violinos ressoa pelo teto acústico e arranca lágrimas da poltrona vinte e um. Pude sentir, da dezenove, uma gota cair em meu antebraço. Goteira? Seria muita coincidência. Encharcados os rostos, pausa para o café. E seria novamente eu, vermelho, o centro das atenções.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
No urologista (parte 1)
- O senhor está há mais de 12 horas em jejum?
- Sim.
- Manteve algum tipo de relação sexual nas últimas 24 horas?
- Não sei.
- Como não sabe?
- O que você entende por relação sexual?
- Relatione sexuale, do latim. Significa uma conexão carnal entre duas pessoas desesperadas em atingir o grau máximo de excitação de seus respectivos organismos e a consequente satisfação de seus desejos venéreos.
- Hummmmm.
- E aí? Manteve ou não?
- Não sei... (longo silêncio existencial). E se a tal da conexão carnal tiver acontecido entre duas partes de um mesmo organismo desesperado em aliviar sua turgidez aflitiva?
- Boa pergunta.
- Obrigado.
- Houve intensidade de uma relação sexual entre duas pessoas?
- Fiz o possível para que houvesse.
- Quais foram as partes do organismo envolvidas?
- A mão e o meu dito cujo. (olhadela para a braguilha)
- O senhor é homossexual?
- Por quê?
- A mão no dito cujo não vai atrapalhar os exames.
- Não... (entre risadas altas e amarelas). Foi uma punheta! O meu dito cujo é o meu pau mesmo, não o cujo, cujo, entendeu?
- Pênis.
- Hã?
- O termo correto é pênis.
- O pau é meu e eu chamo ele do que eu quiser!
- Pênis! O correto seria falar “O pênis é meu e eu o chamo como quiser”.
- O senhor é médico ou professor de português?
- Os dois. Me formei em Letras no ano passado.
- Então deveria saber que o correto seria falar “Formei-me em Letras no ano passado”.
- Não se estivermos falando coloquialmente.
- Claro que não estamos! Você não me deixa nem falar “PAU” no seu consultório.
- É verdade...
- Viu!
- Mas voltemos ao que viemos... A sua masturbação teve a intensidade de uma relação sexual?
- Já disse que fiz o possível!
- Como por exemplo...
- Vesti minha mão direita com uma sainha de papel crepom verde, imitando uma garota de programa. A da esquerda vesti que nem a minha mulher, com um lenço que era do meu avô e alguns bobs feitos com aqueles tubinhos de enrolar fio de costura, sabe?
- Sei.
- Então...
- A sua mulher ficou com ciúme?
- Ela não viu a cena.
- Refiro-me a sua mão esquerda.
- Que nada! Ela participou também. Foi uma espécie de mini ménage à trois.
- O senhor chegou ao orgasmo?
- Sim.
- Usando qual das mãos?
- A de sainha verde, claro!
- E a sua mulher?
- Não sabe de nada. Ainda não contei!
- To falando da sua mão, porra!
- O termo correto é esperma.
- Sua mão-esposa. O que ela fez?
- Limpou tudo com papel higiênico!
- Quantas vezes?
- Três. Mas na terceira quase não tinha o que limpar.
- Acho que teremos de castrá-lo quimicamente.
- Por quê?! (nesse momento, um cubo de vidro blindado vindo do teto isola o paciente do resto do consultório)
- Mantê-lo-emos aqui até que eu me reúna com a equipe de urologistas para conversarmos sobre o seu caso.
- SOCORRAM-ME!
- Até a próxima sessão.
- Sim.
- Manteve algum tipo de relação sexual nas últimas 24 horas?
- Não sei.
- Como não sabe?
- O que você entende por relação sexual?
- Relatione sexuale, do latim. Significa uma conexão carnal entre duas pessoas desesperadas em atingir o grau máximo de excitação de seus respectivos organismos e a consequente satisfação de seus desejos venéreos.
- Hummmmm.
- E aí? Manteve ou não?
- Não sei... (longo silêncio existencial). E se a tal da conexão carnal tiver acontecido entre duas partes de um mesmo organismo desesperado em aliviar sua turgidez aflitiva?
- Boa pergunta.
- Obrigado.
- Houve intensidade de uma relação sexual entre duas pessoas?
- Fiz o possível para que houvesse.
- Quais foram as partes do organismo envolvidas?
- A mão e o meu dito cujo. (olhadela para a braguilha)
- O senhor é homossexual?
- Por quê?
- A mão no dito cujo não vai atrapalhar os exames.
- Não... (entre risadas altas e amarelas). Foi uma punheta! O meu dito cujo é o meu pau mesmo, não o cujo, cujo, entendeu?
- Pênis.
- Hã?
- O termo correto é pênis.
- O pau é meu e eu chamo ele do que eu quiser!
- Pênis! O correto seria falar “O pênis é meu e eu o chamo como quiser”.
- O senhor é médico ou professor de português?
- Os dois. Me formei em Letras no ano passado.
- Então deveria saber que o correto seria falar “Formei-me em Letras no ano passado”.
- Não se estivermos falando coloquialmente.
- Claro que não estamos! Você não me deixa nem falar “PAU” no seu consultório.
- É verdade...
- Viu!
- Mas voltemos ao que viemos... A sua masturbação teve a intensidade de uma relação sexual?
- Já disse que fiz o possível!
- Como por exemplo...
- Vesti minha mão direita com uma sainha de papel crepom verde, imitando uma garota de programa. A da esquerda vesti que nem a minha mulher, com um lenço que era do meu avô e alguns bobs feitos com aqueles tubinhos de enrolar fio de costura, sabe?
- Sei.
- Então...
- A sua mulher ficou com ciúme?
- Ela não viu a cena.
- Refiro-me a sua mão esquerda.
- Que nada! Ela participou também. Foi uma espécie de mini ménage à trois.
- O senhor chegou ao orgasmo?
- Sim.
- Usando qual das mãos?
- A de sainha verde, claro!
- E a sua mulher?
- Não sabe de nada. Ainda não contei!
- To falando da sua mão, porra!
- O termo correto é esperma.
- Sua mão-esposa. O que ela fez?
- Limpou tudo com papel higiênico!
- Quantas vezes?
- Três. Mas na terceira quase não tinha o que limpar.
- Acho que teremos de castrá-lo quimicamente.
- Por quê?! (nesse momento, um cubo de vidro blindado vindo do teto isola o paciente do resto do consultório)
- Mantê-lo-emos aqui até que eu me reúna com a equipe de urologistas para conversarmos sobre o seu caso.
- SOCORRAM-ME!
- Até a próxima sessão.
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