sábado, 11 de julho de 2009

O que faz a falta de pauta

(retirado do Ego)

Eis a "notícia":

Eriberto Leão vai a shopping no Rio

Então, você se pergunta: Quem é Eriberto Leão? Quem se importa se ele foi ou não ao shopping? Qual a relevância disso?

E a linha fina:

Ator passeia com a namorada

Pelo menos uma das questões foi respondida, Eriberto Leão é um ator e está passeando com sua namorada.

Então, para comprovar a ausência de conteúdo, a matéria foi escrita em três linhas:

Neste sábado, 11, o ator Eriberto Leão curtiu um passeio com a namorada no Rio. O ator foi a um shopping em São Conrado, Zona Sul da cidade.

Qual teria sido a pauta?

a) Vá a um shopping em São Conrado e veja se encontra alguém famoso.

b)
O que estaria fazendo Eriberto Leão? Procure saber qual a programação dele para o dia de hoje.

c)
Não temos pauta. Dê um jeito de achar alguma coisa para ser publicada. Com foto, de preferência.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Embriões congelados também precisam usar camisinha

É isso mesmo.


[da Folha Online. FERGUS WALSH, da BBC]

"Uma equipe de cientistas de Newcastle, na Inglaterra, anunciou ter criado espermatozoides em laboratório pela primeira vez no mundo.

Os pesquisadores acreditam que, eventualmente, seu trabalho poderia ajudar homens com problemas de fertilidade.

As células-tronco foram removidas dos embriões masculinos com poucos dias de vida e armazenadas em tanques de nitrogênio líquido.

As células-tronco então foram trazidas à temperatura do corpo e colocadas em uma mistura química que estimulou seu crescimento.

As células-tronco masculinas passaram pelo processo de meiose, dividindo pela metade seu número de cromossomos."


Os embriões usados na experiência estavam congelados numa clínica de fertilização in vitro. Ou seja, seu filho de proveta nasceu, mas ele pode ter um sobrinho, filho daquele embrião congelado que nunca vai ser gerado!

Se você foi injeitado por seus pais e não tem direito à vida, não se preocupe, você pode ser pai!

Seu pai congelado pode nascer depois que você, 20 anos depois, talvez. Isso se ele não for gerado com o tal do espermatozóide feminino que andaram criando por aí!

Imagina seu pai te chamando de caretão porque você assistiu Chaves a vida inteira?? Gente, essa situação é impossível, o seu tio congelado, se nascer daqui a 20 anos, COM CERTEZA vai crescer assistindo Chaves, né!

Esses meninos de hoje, estão cada vez mais precoces!

domingo, 5 de julho de 2009

Jornalismo X Medicina

(retirado do portal G1)

O futuro do Jornalismo está cada vez mais preocupante. Não bastassem as "pautas inventadas" para construir matérias onde sequer existem notícias, agora é preciso lidar com as manchetes bizarras que vemos por aí.

Mulher do braço rabiscado diz que parto no corredor salvaria bebê

Ao ler isso, começamos a fazer as perguntas básicas e, a primeira que vem à tona é: o que é que o cu tem a ver com as carça - qual a relação entre uma mulher de braço rabiscado e um parto no corredor??
Depois disso, pensamos: a linha fina (que vem logo abaixo da manchete) deve explicar o sentido disso...

Ela reafirmou que médico do Miguel Couto escreveu no seu braço.
Vítima soube que perdeu o bebê ao ser socorrida na Zona Norte.


As duas frases sequer explicam a si mesmas, muito menos trazem alguma resposta às dúvidas deixadas pelo título da matéria.

Deixando de lado tudo isso, melhor ainda é analisar o conteúdo da matéria. A grávida, prestes a dar luz, chega ao hospital e é "atendida" pelo médico. Este, porém, em vez de lhe dar a vida que ela carrega no útero, apenas lhe mostra a lotação do hospital, justificando a razão pela qual seria impossível atendê-la ali. No entanto, a bondade do médico lhe permitiu ainda ajudar sua paciente. Com uma caneta prescreveu sua "receita" ali mesmo, no braço da moça: escreveu o nome da maternidade para onde ela deveria se dirigir e mais, o ônibus que a levaria até lá! Quanta generosidade em um só doutor! Obviamente, o bebê não resistiu.

Agora, escolha qual é a melhor tragicomédia aqui narrada:

a)
A qualidade cada vez maior do jornalismo feito neste país (agora com ou sem diploma)
b) A qualidade do médico que deixou de fazer um parto para "receitar" a morte de um bebê